fevereiro 03, 2015

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A pergunta só é válida quando leva pra outras perguntas. Uma pergunta por si só não é nada; uma pergunta por si só não precisa ser respondida. Uma pergunta somente cumpre seu papel quando coloca a gente em movimento, quando faz a gente questionar outras coisas que não só aquelas que a pergunta coloca. Pergunta só vale quando faz a gente ir pra outros cantos da casa, quando coloca a gente de ponta cabeça pra ver o mundo de cabeça pra baixo - ou de baixo pra cima? Pergunta o que quiser vai, desde que você (realmente) não saiba a resposta. As perguntas da humanidade são justamente as que não sabemos responder mas, para além disso, são também as que nos colocam pra pensar sobre outras coisas que não só a possível resposta da pergunta, entende? Questionar-se sobre a razão da vida ou do universo, mais do que buscar respostas, é fazer a gente ir ao encontro do nosso lugar no nosso mundo, no nosso universo, meu e teu e nosso e de todo mundo. Não sei a razão do universo, mas sei que cheiro tem chuva de verão e que gosto tem bolo no café da tarde. Me chame de louco, mas me faça uma pergunta sem resposta.

Perguntar o que é o amor, por exemplo, é inútil, é raso, é matemático. Me pergunta o que sinto quando olho pras crianças, quando olho pra's histórias que me contam sobre o mundo e sobre as histórias que me conto sobre mim. Me pergunte de minhas amantes, não do meu amor. O amor não me pergunta nada, ele é pura abstração, conceito. Me pergunte do sangue nas veias, me pergunta sobre as perguntas que já me fiz. As grandes perguntas sobre as quimeras do mundo, sobre a dor e sobre o passado, sobre o gosto de estrelas e o cheiro do centro da terra, sobre a vida dos homens e sobre o futuro das sereias... essas sim são as perguntas que nos fazem ir pr'outro lugar. 

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