agosto 21, 2013

Introfone


Tenho uma chave, mas não sei que porta abre. Pode ser a chave de um fusca, de uma casa ou do teu diário íntimo. Pode ser a chave da porta de entrada do prédio, ou a chave que fecha os fundos do bar. Não sei que porta abre, mas cabe dizer que é uma chave que não tem entrave: uma vez aberta, a porta não se fecha mais. Abre-se na chave que abre o carro, o peito, as pernas e que abre o show da noite. A chave escancara e, de cara, me deixa com a cara no chão. Portas grandes e portas pequenas, dessas de madeira ou de alvenaria, não sei se abre choro de tristeza ou de alegria. 
A chave que abre todas as portas só funciona de dia. Será que à noite todas as portas estão destrancadas? Fechadura é só fachada, a verdadeira abertura não pode ter porta nem portão; a chave que abre a casa - minha e sua - não tem sistema de alarme nem botão. Não há interfone pra te informar que vou entrar na sua vida e na sua casa, o síndico da tua alma foi viajar. Mas será que você está aí? Não sei. Do lado de fora do seu apartamentalma, minha chave não funciona. 

Porque tem chave que só funciona do lado de dentro.

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