agosto 15, 2013

Trapa

Cuidado, é uma trapa. Uma armadilha que lhe coloquei aos pés, que é só pra você se esquivar e, assim, manter-se alerta como gato saltando de pára-quedas. Atrapalho-me na armadilha, armadilho-me. A trapaça que me faço é fazer-me em trapos só pra você me costurar de novo e de novo e de novo em tecido remendado feito dos teus cobertores e cabelos. Atravesso o quarto cheio de ratoeiras, mas no lugar do queijo está o seu sexo, seu amor e seu beijo. Apanho-me na minha própria trapa e trapaceio, sem perceber que já hei de ter implantado outra armadilha qualquer ao meu redor. Meu coração é canivete suíço, e a armadilha de urso que te coloquei só serviu pra deixar-me preso na floresta, esperando para te dar o bote. O problema é que o bote salva-vidas já zarpou, e tive que me contentar em espalhar o que sobrou das minhas trapas, trapos e trapaças pra você cair, mesmo sabendo que, ao invés de queijo, na minha ratoeira-coração só tenho teu sexo, amor e beijo. Atrapalho-me.

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